A Terminologia Linguística para o Ensino Básico e Secundário (TLEBS), isto é, os novos termos gramaticais que, a partir de 2009, se generalizarão obrigatoriamente a todos os níveis de ensino, está a levantar alguma polémica. Há professores aflitos com a necessidade de reciclagem e alguns criticam a mudança em curso.T
ermos como anáfora ou catáfora entrarão no uso corrente das aulas de Português. Albina Lobo, professora da disciplina no 3.º Ciclo e Secundário, diz-se preocupada com a falta de capacidade de formação dos docentes por parte do Ministério da Educação (ME).
Inês Duarte, especialista envolvida na TLEBS, contrapõe com o facto de os termos em causa serem comuns na literatura da especialidade, sendo responsabilidade de quem ensina manter-se actualizado na respectiva áreado conhecimento.
A Associação de Professores de Português (APP) concorda com a homogeneização em curso e que se processará por fases a experiência será generalizada em 2006/07 ao 3.º, 4.º, 5.º e 7.º anos, terminando em 2009/10, com o 9.º ano.
Álvaro Gomes, pedagogo, prestou ao DN e a uma rádio declarações particulamente críticas relativamente à complexidade ou novidade dos termos da TLEBS. A nomenclatura oficialmente em vigor até 2004 datava de 1967, com inovações avulsas a partir de 1975 e de 1991. De acordo com a APP e com Inês Duarte, da TLEBS, é comum encontrar grandes disparidades nos termos gramaticais usados pelos professores de Português.
Paulo Feytor Pinto, presidente da APP, lembra que substantivo e nome são uma e a mesma coisa, tal como complemento de objecto directo e complemento directo. Artigo, determinante ou ainda determinante artigo configuram outro exemplo da variedade contida no ensino da Gramática.
Inês Duarte sublinha que deve haver bom senso na aplicação da TLEBS. "Não há vantagem em que um miúdo do primeiro ciclo saiba o que significa uma anáfora, mas o professor deve saber porque esse é o seu domínio de especialidade". Por outro lado, na substância tudo fica igual. "É claro que 'hecatombe' continua a ser um nome". Muda a forma e de designação, mas não a substância.