Didáctic@ da Língua em Rede - Ensino Básico 1º Ciclo

segunda-feira, outubro 16, 2006

Estudo sobre hábitos de leitura

«Dentro de um ano, vai saber-se o que lêem os portugueses, que livros compram e genericamente quais os seus hábitos de leitura. O Observatório das Actividades Culturais tem quase concluído um questionário a lançar em todo o território continental e que constitui uma das vertentes das políticas de dinamização da leitura consagradas, no plano criado para o efeito, pelos ministérios da Educação e da Cultura.

Segundo explicou ao JN José Soares Neves, responsável executivo pelo projecto do Observatório, o estudo irá abranger "portugueses alfabetizados com 15 anos ou mais". A amostra está ainda a ser acertada com a empresa que fará o trabalho de campo, mas como amostra de referência foi considerada a do último estudo do género - 2500 indivíduos -, feito há uma década.
Conseguir uma perspectiva evolutiva do problema é precisamente uma das prioridades. Outra é ganhar com experiências do estrangeiro e incorporar dados de estudos internacionais. José Soares Neves acrescenta haver também um módulo específico para os encarregados de educação, visando perceber como vêem os hábitos de leitura dos filhos, as actividades escolares e o funcionamento das bibliotecas. "Não é nosso propósito incidir directamente sobre a população escolar, porque para isso haverá outro estudo", salienta.


Gedeão na Internet

Para Isabel Alçada, que coordena o Plano Nacional de Leitura, o arranque do inquérito é apenas um entre vários sinais de dinamismo da iniciativa. Mostra-se "muito satisfeita" com a adesão de autarquias, salientando haver já vários protocolos de colaboração assinados "e muitos outros em estudo" - a título de exemplo, indica que anteontem esteve em Évora para mais uma assinatura.
Na próxima semana arranca um concurso dirigido ao terceiro ciclo do ensino Básico e ao Secundário, no âmbito das comemorações do centenário do nascimento de Rómulo de Carvalho (ou António Gedeão). "O objectivo é a criação de uma página na Internet", explica.


Modelo de avaliação

As listas de livros recomendados e actividades propostas para as escolas deverão dar frutos ao longo do ano lectivo, estando já definido o modelo de avaliação. Essa missão está a cargo de uma equipa do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e Empresa (ISCTE), coordenada por António Firmino da Costa, que tem vários trabalhos sobre a leitura. O objectivo é aferir "a adesão e cumprimento dos programas, a atitude dos participantes e o impacto em relação ao desenvolvimento de competências".
O mecenato e o papel dos privados são outra área em que o grupo coordenador do plano está a investir. Isabel Alçada destaca a acção "Tudo a Ler", já lançada pela cadeia de hipermercados Continente, e acrescenta que estão a ser negociados apoios com empresas.
Desenvolvidos estão já acordos de cooperação com editores e livreiros, com associações de professores e com diversas fundações, como é o caso da Gulbenkian, Serralves ou Centro Cultural de Belém.»

Inês Cardoso - JN: 2006 - 10- 16

JMCouto

Acordo com o MIT envolve 800 estudantes e investigadores

Público, 2006.10.12

Instituto diz que o mérito é o critério fundamental de selecção de participantes

« O programa do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) vai fazer uma "selecção por mérito" dos estudantes portugueses, mas "ninguém competente ficará de fora", disse ontem José Mariano Gago, ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, na apresentação do programa.
Às críticas de algumas universidades, que ficaram de fora desta iniciativa, o ministro respondeu com o facto de a selecção ter sido "transparente" e baseada na avaliação feita pelo MIT, tendo em conta a produção científica das organizações.
A forma como o MIT irá colaborar com várias universidades, centros de investigação e algumas empresas portuguesas foi ontem apresentada. Abarcará quatro áreas de Engenharia (Concepção e Sistemas Avançados de Produção, Energia, Transportes e Bioengenharia) e Gestão, prevendo-se que mais de 600 estudantes e duas centenas de professores e investigadores participem neste programa nos próximos anos, adiantou Mariano Gago.
Ao todo, estão envolvidas sete universidades portuguesas, as quais foram escolhidas a partir de uma selecção que foi "a mais transparente e com base numa avaliação feita pelo MIT". À margem da apresentação do programa, o titular da pasta da Ciência desvalorizou o descontentamento de quem ficou de fora. "Quando termina uma avaliação, nem todos ficam contentes mas todos ganham. Os piores devem aprender e os melhores responder às exigências."
Neste programa, que durará cinco anos, serão investidos 65 milhões de euros. Destes, 32 milhões destinam-se a financiar instituições nacionais, como os estabelecimentos de ensino superior, o que leva Mariano Gago a considerar que se trata de um passo importante para a reforma das universidades, que também irá contribuir para o desenvolvimento da indústria.
Um dos aspectos centrais será a criação de mestrados profissionais e programas de doutoramento e o intercâmbio de alunos e professores entre as universidades portuguesas e o MIT. Manuel Heitor, secretário de Estado da Ciência, adiantou ontem que, durante o trabalho de avaliação, foram já identificados os primeiros alunos que poderão vir a trabalhar e circular entre instituições. Mariano Gago salientou que estabelecer parcerias internacionais - como a que agora concluiu com o MIT e as que está a ultimar com a Universidade de Austin e de Carnegie Mellon, nos EUA - é um processo "difícil", mas é também "um novo modelo de trabalho, que rompe com separações antigas e constitui um processo de reforma da universidade".
O primeiro-ministro, José Sócrates, foi ainda mais longe ao considerar que este acordo é "um ponto de viragem na sociedade portuguesa, pelo que significa de internacionalização e de aposta na ligação entre as universidades e as empresas".
Sócrates enquadrou esta iniciativa na "ideia política do Plano Tecnológico", um acordo "que não nasceu sozinho e divorciado do ambiente geral do país". Lembrou, a propósito, que o investimento em ciência "vai aumentar 64 por cento em 2007".
A reitora da Universidade de Aveiro (UA), Helena Nazaré, estranha a ausência da instituição aveirense no acordo com o MIT. Uma situação que, segundo adianta, é sentida ainda com mais intensidade no seio dos muitos investigadores da UA, em particular junto dos que têm vindo a trabalhar nas áreas abrangidas por este protocolo. "Causa-me perplexidade", declara a reitora, a propósito da não inclusão da instituição que dirige no acordo. Mais: Helena Nazaré questiona o Governo sobre a forma como este processo foi conduzido, uma vez que "não se sabe como as instituições foram escolhidas". "Todo este processo foi conduzido de uma forma pouco clara", acrescenta a reitora, que não tem dúvidas quanto à qualidade da investigação que se vai fazendo na UA. "Temos unidades muito bem avaliadas, entre as melhores do país", sublinha.
O ministro Mariano Gago já adiantou que a UA terá um papel importante em outros acordos a rubricar em breve, nomeadamente ao nível da cooperação com a Universidade americana de Carnegie Mellon, mas os responsáveis da instituição parecem não conseguir esquecer a ausência das suas unidades de investigação no MIT. M.J.S.
4 - programas de doutoramento para as quatro áreas envolvidas
320 - diplomas de especialização a atribuir em cinco anos
35 - novos alunos de doutoramento frequentarão os novos cursos em cada ano
38 - professores do MIT estarão envolvidos no programa
33 - alunos portugueses serão recebidos no MIT em cada ano
600 - alunos, no total, frequentarão os cursos deste programa
16 - instituições de ensino superior portuguesas vão estar envolvidas
9 - laboratórios associados irão participar
5 - anos é a duração do contrato estabelecido com o Governo
65 - milhões de euros de financiamento público vão ser investidos no programa»

Isabel Gorjão Santos
Daniel Leitão