Didáctic@ da Língua em Rede - Ensino Básico 1º Ciclo

domingo, novembro 05, 2006

Pais separados - O trauma das crianças

Muitas vezes, os pais não têm consciência do processo complexo e dinâmico que está a ser vivido pela criança e da forma como poderão surgir consequências futuras por haver uma mistura entre a separação e a parentalidade.
Os pais, mesmo separados, devem manter-se, dentro do possível, unidos como pais da criança e tentarem preservar a imagem um do outro. Nem a figura do pai nem a da mãe são substituíveis e essa realidade deve ser encarada. A mãe não tem que ser ao mesmo tempo pai e deve estar consciente de que não o poderá ser para não criar falsas expectativas que só conduzem a sensações de falha e culpabilidades. O mesmo acontece no que se refere à perspectiva do pai.
Na realidade, a separação dos pais não deve incluir a parentalidade ou maternalidade, que são uma responsabilidade permanente de ambos. A questão central prende-se com colocar os interesses da criança em primeiro lugar e acima de qualquer discussão ou conflito.
Sara Pinto

1 Comments:

  • Concordo plenamente com o que dizes Sara.
    Fui uma das crianças que tive que passar por esse processo doloroso.
    Desenganem-se aqueles que pensam que a separação será um trauma para criança, criando-se falsas condições para que o casamento continue.
    Trauma bem maior é adormecer com berros, acordar com o bater de portas. Correr para o quarto do irmão para lhe por as mãos sobre os ouvidos, sorrir e mentir-lhe, dizendo que está tudo bem!
    Trauma bem maior é sentir a mãe durante horas no quarto e não ouvir nada... pensá-la morta (não sei bem porquê)! Ouvir uma lágrima calada do pai sentado em frente à televisão... durante horas... Perder o, por vezes os autocarros, diariamente, para não ter que chegar muito cedo a casa…
    Mesmo antes de se ouvir a palavra divórcio nesta casa, muitas vezes o desejei, sozinha, chorando... Sentindo-me má por o desejar, culpada por tal poder acontecer... Cheguei mesmo a escrever uma carta com o meu irmão pedindo aos meus pais sinceras desculpas por tal estar a acontecer na nossa família, comprometendo-me a nunca mais incomodar, nunca mais pedir nada de nada...
    Não sei bem porque vos conto isto… Talvez por serem estas horas e todos vocês me fazerem recordar o bom e mau… me fazerem viver e reviver…
    Apesar de tudo, os meus pais aperceberam-se que não estavam sozinhos a tempo suficiente de não nos perderem também…

    By Anonymous Anónimo, at 6/11/06 02:21  

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