A “velha” questão dos TPC

Eu, de certo modo contesto um pouco esta opinião e julgo que os pais não devem estar constantemente sentados ao lado dos filhos enquanto eles trabalham, porque, nesse caso, gera-se uma relação de dependência que impede as crianças de tornarem-se autónomas. É importante que eles motivem a criança para verificar o trabalho, consultando o dicionário, revendo a pontuação ou aperfeiçoando os diálogos.
O estudo de determinados psicólogos deixa claro que mesmo entre os professores, há os que pensam que os trabalhos de casa são excessivos, difíceis e exageradamente longos numa disciplina em detrimento das outras. E aí, eu sou forçado a concluir que, os pais correm o risco de se transformarem em explicadores dos filhos, o que tem implicações no clima familiar e, desde logo, o bom sossego do fim do dia acaba num mal-estar que a todos incomoda. Caberá aos pais ter paciência e inteligência para enfrentar todo este imbróglio vicioso.
Sérgio Sousa
1 Comments:
O valor dos trabalhos de casa, no meu ponto de vista, encontra-se nas necessidades e disponibilidade de tempo de cada aluno.
O trabalho de casa não tem que ser o mesmo para todas as crianças. Pode haver uma que necessite de consolidar determinados conteúdos e que só tenha disponibilidade de tempo ao fim de semana, visto que à semana realiza actividades extracurriculares; podemos ter o caso daquele aluno que necessita de encontrar respostas para além do programático (muito para além, em alguns casos) e que se encontre com maior disponibilidade de tempo e de recursos a dois dias específicos da semana.
Existirão de certo inúmeros casos diferentes que o professor necessita de estudar na sua turma de forma a responder às necessidades dos seus alunos.
Aliás, alguns T.PC. até deverão ser recomendados em vez de mandados, desenvolvendo o sentido de iniciativa e responsabilidade.
Claro que é preciso perspectivar múltiplos factores antes de mandar/recomendar trabalhos de casa – disponibilidade de tempo, necessidades, acesso a recursos até mesmo disponibilidade emocional e motivacional.
Passo a explicar este último ponto com um exemplo que me é muito próximo.
Um menino entusiasmadíssimo por entrar no 1º ano, sonhava com os seus cadernos novos, com a aprendizagem das letras, da escrita… Adorou os colegas, a professora, as carteiras, o quadro preto… adorou o cheiro dos manuais, a responsabilidade de transportar a sua mochila, orgulhosamente, de manhã…
Mas todo este orgulho se sentiu até… começar a ter que fazer um absurdo de trabalhos de casa… “Doí-me a mão!”, “Agora nem tenho tempo para falar com a mãe à noite!” “Estou farto disto!” “Estou farto dos ‘is’”…
Pois é, o trabalho de casa desta criança de 6 anos é fazer uma página inteira de ‘is’, mais escrever palavras com a mesma letra e ainda pintar desenhos que a incluam… Isto depois de uma aula de karaté, de tomar banho e jantar a correr… Pois é, são 11h30m e o Francisco ainda faz o trabalho de casa!
Para finalizar, este mesmo Francisco disse-me outro dia: “Sabes Inês, agora estou mais rápido a fazer os trabalhos! Agora já não sou tão perfeitinho como disseste que eu era! Os outros que pintam por fora e fazem o i todo torto tinham um certo como eu!”… Olhei para o caderno dele e fiquei sem palavras… a perfeição a que se estava a começar a habituar desapareceu… por completo deixem-me que vos diga!”
Passados dois dias pedi para ver o caderno do Francisco novamente… Aquele borrão que tinha feito no outro dia, de facto, tinha um certo tão grande como os trabalhos anteriores… Enfim…
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Anónimo, at 6/11/06 01:52
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