Didáctic@ da Língua em Rede - Ensino Básico 1º Ciclo

segunda-feira, janeiro 29, 2007

Votar "não" é votar na prisão

Ouve-se as pessoas a falar, lê-se as sondagens, e o que se percebe é que uma larga maioria dos portugueses está absolutamente contra a penalização das mulheres que abortam. Mesmo que a interrupção da gravidez aconteça, apenas, porque mantêm relações sexuais sem os mínimos cuidados contraceptivos e a última coisa que lhes apetece na vida é ser mães.
Despenalização? Liberalização? Pouco importa, ainda não ouvi ninguém dizer - nem o Papa, nem os bispos - que uma mulher que aborta deve ir parar à cadeia. É verdade que quando comparam o aborto ao terrorismo é isso que estão a insinuar. Mas não têm coragem de o dizer taxativamente.
Ora, como o que começa por estar em causa no referendo é saber se as mulheres devem, ou não, ser responsabilizadas criminalmente por interromper a gravidez, a resposta é óbvia "Sim"! As mulheres que abortam devem deixar de ser tratadas como criminosas. Aliás, muitos dos que se preparam para votar "não" - e são cada vez mais -, em consciência, respondem "sim" a esta questão.
Acontece que com os disparates que se dizem de um lado e do outro são cada vez menos os portugueses com disposição para ir votar. Acresce que quem vota "não" faz disso um imperativo de vida, enquanto que os que pensam "sim" julgam ser suficiente ter opinião formada - a maioria prepara-se para não ir votar.
O resultado mais provável é, por isso, um referendo com menos de 50% de votantes e com o "não" a vencer o "sim". Se assim for, a lei vai continuar na mesma e na mesma vão continuar os portugueses que se afirmam indignados porque a lei diz que uma mulher que impede o nascimento de um filho indesejadodeve ir para a cadeia.
Isabel Ribeiro
Fonte: Jornal de Noticias