Didáctic@ da Língua em Rede - Ensino Básico 1º Ciclo

quarta-feira, novembro 01, 2006

Poema de uma criança

O meu nome é ""Sara""
Tenho 3 anos
Os meus olhos estão inchados
Não consigo ver.
Eu devo ser estúpida
Eu devo ser má,
O que mais poderia pôr o meu pai em tal estado?
Eu gostaria de ser melhor
Gostaria de ser menos feia
Então, talvez a minha mãe me viesse sempre dar miminhos.
Eu não posso falar
Eu não posso fazer asneiras,
Senão fico trancada todo o dia.
Quando eu acordo estou sozinha
A casa está escura
Os meus pais não estão em casa.
Quando a minha mãe chega,
Eu tento ser amável,
Senão eu talvez levaria
Uma chicotada à noite.
Não faças barulho!
Acabo de ouvir um carro
O meu pai chega do bar do Carlos.
Ouço-o dizer palavrões.
Ele chama-me.
Eu aperto-me contra o muro.
Tento-me esconder dos seus olhos demoníacos.
Tenho tanto medo agora
Começo a chorar.
Ele encontra-me a chorar
Ele atira-me com palavras más,
Ele diz que a culpa é minha, que ele sofre no trabalho.
Ele esbofeteia-me e bate-me,
E berra comigo ainda mais,
Eu liberto-me finalmente e corro até à porta.
Ele já a trancou.
Eu enrolo-me toda em bola
Ele agarra em mim e lança-me contra o muro.
Eu caio no chão com os meus ossos quase partidos,
E o meu dia continua com horríveis palavras...
"Eu lamento muito!", eu grito
Mas já é tarde de mais
O seu rosto tornou-se num ódio inimaginável.
O mal e as feridas mais e mais
"Meu Deus por favor, tenha piedade!
Faz com que isto acabe por favor!"
E finalmente ele pára, e vai para a porta,
Enquanto eu fico deitada, Imóvel no chão.
O meu nome é "Sara"
Tenho 3 anos,
Esta noite o meu pai matou-me.

Hoje recebi um e-mail com este poema, o que me deixou bastante sensibilizada, por isso decidi partilhá-lo. Penso que este poema retrata o sofrimento de uma criança quando é violentada pelo próprio pai. Existem milhões de crianças que assim como a "Sara" são mortos. E tu podes ajudá-las...
Se ficaste sensibilizada(o), faz qualquer coisa!! Infelizmente, há muitas pessoas como o pai da "Sara" que vivem na nossa sociedade. Beijos
Dalila Gomes

7 Comments:

  • De facto, é de lamentar que, em pleno ano 2006, ainda existam muitos pais como o da "Sara".
    Por isso cada um de nós deve "dar um pouquinho de si" para que tudo isto termine.Não queremos ver muitas mais "Saras" a sofrer pelo mundo inteiro.
    Parabéns Dalila, de facto o poema toca bem lá no fundo.

    Obrigada pela partilha

    By Anonymous Anónimo, at 1/11/06 19:35  

  • Também já tinha lido este poema e realmente é triste que tais acontecimentos ainda se possam verificar. No entanto, todos sabemos que existem muitas "Saras" que sofrem no silêncio e agora eu deixo uma questão: será que é melhor viver no sofrimento ou "aceitar" o descanso da morte?!?
    Beijos... Cátia Sousa

    By Anonymous Anónimo, at 2/11/06 20:10  

  • Este poema é muito triste, mas relata muito bem aquilo que acontece com muitas crianças no nosso País e no Mundo inteiro. O sofrimento da "Sara" terminou e o das outras "Saras"? O que podemos fazer para minimizar e travar este problema? Pois como a Cátia disse e muito bem, estas crianças sofrem em silêncio, assim é muito difícil ajudar-las.Como futuros professores, podemos estar atentos a algum sinais que as crianças vítimas de maus tratos deixam transparecer inconscientemente e tentar intervir, enquanto é tempo.
    Beijinhos
    Susana Lourenço

    By Anonymous Anónimo, at 2/11/06 22:00  

  • Este poema de facto choca. Já o tinha lido algumas vezes e continuo a sentir aquele frio na barriga. Como pode uma pessoa ser capaz de fazer mal a um ser tão pequeno e tão indefeso. Porque é que pessoas como o pai da "sara" querem ter filhos? Vivemos num mundo onde não há consciência.
    Será que nos casos de filhos não desejados não seria melhor o aborto?
    Um homem/mulher que fosse capaz de violentar, violar, matar uma criança deveria continuar a viver? Num primeiro instante diria que não. Mas pensando bem no assunto diria que sim. Acho que as pessoas que fazem este tipo de atrocidades não têm formação e nunca foram amadas. Não digo formação a nível académico, mas formação moral. Na sua infância devem ter sofrido males similares ou devem ter sido negligenciados pela família. Não devem ter sabido o que é o amor puro, verdadeiro e incondicional dos seus pais. Estas pessoas merecem viver o resto da vida na cadeia, mas todos os dias terem alguém que os faça ver o quanto erraram, que os façam sentir na pele da pessoa a quem fizeram mal, que os façam arrepender por todo o mal a que submeteram a outra pessoa.
    Como disse a Susana e muito bem, cabe-nos, enquanto professores, estar "atentos a alguns sinais que as crianças vítimas de maus tratos deixam transparecer", mas também devemos procurar ser um ponto de equilibrio, para que a criança que tem pouco ou nenhum amor em casa, mas que não é mal tratada fisicamente, um dia não se torne num agressor.

    By Anonymous Anónimo, at 2/11/06 23:15  

  • Este poema é demasiado intenso. Como é que é possivel existerem pessoas que façam mal às crianças?Isto revolta-me...
    Já que estamos a falar em agressoes, queria partilhar com voces um video que me comoveu imenso.

    É esta a morada:
    http://www.ad-awards.com/commercials/selection/institute_for_support_of_abused_children/commercials-218.html

    Com este vídeo ve-se que uma agressao nunca se esquece, mesmo que já sejamos idosos. Fica sempre marcada em nós.
    Nao às agressoes, sejam elas de qualquer tipo de natureza!

    Zélia Padrao

    By Anonymous Anónimo, at 3/11/06 10:45  

  • Zélia, fiquei curiosa quanto ao vídeo e decidi procurar...
    Aparentemente o vídeo nada tinha de extraordinário, mas as frases finais são de arrepiar, pois é quando se conclui que independentemente da idade, da vida que se construiu, dos filhos que se criaram, e que mesmo perdendo a memória, jamais se esquecerão as agressões vivenciadas.

    Recomendo vivamente o vídeo indicado pela Zélia.

    Beijos

    Dalila Gomes

    By Anonymous Anónimo, at 3/11/06 22:31  

  • Tens razão Dalila, aparentemente parace ser um vídeo normal, mas não o é.. É vídeo muito chocante, muito triste...Eu quando o vi fiquei... nem sei bem explicar como fique ou aquilo que senti.
    Vejam o vídeo e depois comentem.

    Zélia Padrão

    By Anonymous Anónimo, at 4/11/06 12:05  

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