'Mafalda' em mim

Numa das aulas desta disciplina, o professor Couto desafiou-nos para a escolha de um livro: “O livro da minha infância”.
Não sabia o que fazer, que livro escolher e porquê. Na verdade, nunca tinha pensado no assunto, nunca tinha valorizado qualquer livro em particular…
Senão quando, a colecção Mafalda (Publicações Dom Quixote), me inundou de ternura e recordações.
Procurei-o, desenfreadamente, pelos armários, pelos arrumos, pelas estantes cheias… Outros me passaram pelas mãos, mas eu sabia o que procurava… Reencontrar-me!
- "Estão aqui, encontrei!" - pensei alto.
Ainda que, visualmente, descobertos, tanto tempo passaram escondidos, intocáveis… Livros de banda desenhada, que a minha mãe me passou como legado. Livros sem cor, mas de um colorido imenso…
Sem hesitar, peguei no intitulado Mafalda, a contestatária.

E como me identifico com esta Mafalda… uma menina que sem deixar de o ser, se afigura inconformada com o Mundo. Recusa-se a aceitá-lo tal como lho deram a conhecer. Complexifica o seu entendimento, porque lhe percebe a sua complexidade natural. E não se amedronta, por isso!
Cresci com e pela Mafalda, fui crescendo sem nunca a valorizar, sem nunca lhe agradecer. Mas apercebo-me, agora, que muitas vezes lhe recorri…
Talvez a tenha perdido um pouco… Crescer, muitas vezes, parece significar o conformismo. Mas não tem que ser assim… Não será se eu o quiser!
Passados 11 anos, a Mafalda mostrou-me que ainda me sinto, suficientemente, “menina”, para me inconformar.
Não quero e nem posso perder a Mafalda que existe dentro de mim.

Voltei a lê-los… voltei a aventurar-me com ela… Voltei a mim!

Inês Martins